Ao sabor da pena

Sem título
Hoje escrevo ao sabor da pena...
Porquê, não sei, porque simplesmente me apetece!
Porque o cheiro do incenso não me esquece...
Porque o sorriso é imagem que não desfalece.
Hoje escrevo palavras sem nexo,
Frases de acordes emudecidos e trocados,
Com cores transparentes e invisiveis aos olhos tristes,
Porque a vida não são baladas nem fados.
Rais parta este tempo que não passa perdido.
Este mundo que não sai da sua órbita rectilínea,
Estes dias que sempre acabam à noite,
Estas noites que sempre terminam num sonho desfalecido.
Escrevo assim porque não quero pensar.
Porque pensar representa sentir o que não esquecemos,
E o Sentir a imaginação que nos corre veloz pelas veias,
E a imaginação o alimento do sonho que nos corroi.
Sabem que mais, vou cerrar as pálpebras.
Vou fazer de conta que não existo
Ficar quieto à espera que alguém me ensine a respirar
Para, enfim, quem sabe, continuar a esperar.
Eugénio Rodrigues, Janeiro 2007
Sugestão musical "30 seconds from Mars - Yesterday"
Foto de Rosalina Afonso (noite de poesia no Pucaros - Porto)