Pierrot

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Quando morrer, talvez tenha uma ideia formada sobre mim, se o destino me der esse luxo.

Tuesday, February 27, 2007

Assertivo, eu?!?!


Há quem diga que este Blog só aborda questões ou temáticas pacificas, românticas e "trá lá lá".
Por acaso acho uma classificação demasiado redutora mas ainda assim, mesmo que tal fosse verdade, deixem que vos conte o seguinte:

Era uma vez um homem que nunca se irritava nem discutia com ninguém...
Encontrava sempre uma saída cordial, procurava não ferir ninguém nem se aborrecer com ninguém.

Um dia, para testá-lo, os seus amigos levaram-no a jantar e combinaram com a empregada do restaurante que não o servisse, mais, que o ignorasse por forma a levá-lo à irritação.

Tal dito, tal feito...Pediram à empregada uma sopa, precisamente aquela de que o homem mais gostava. Assim que ela se chegou a ele, ele levantou o prato por forma a que ela o servisse mais facilmente. Mas quando chegou a vez dele, e depois de servir os demais, virou-lhe as costas e dirigiu-se a outra mesa, ignorando-o

Ele esperou calmamente que acabassem de comer a sopa e uma vez terminada a tarefa dos amigos, a empregada regressou à mesa para perguntar se desejavam mais. Depois de todos se terem servido uma vez mais, o homem levantou novamente o prato ao que esta lhe respondeu virando-lhe as costas de novo e afastando-se com a terrina fumegante de sopa.

Naquele momento, e perante a enorme expectativa dos amigos que triunfantemente já rejubilavam, o Homem chamou a empregada:

-Que deseja, disse a empregada...

- A senhora não me serviu a sopa, respondeu o Homem.

- Servi sim senhor, retorquiu ela desmentindo-o, por forma a provocá-lo.

Ele olhou para ela e para o prato vazio, ficando pensativo por alguns segundos. O silêncio era total e todos pensaram que ele iria explodir quando este lhe disse:

- Então queria mais um bocadinho se não se importava, porque me estava a saber bem!

Ou seja, ainda que nem tanto ao mar nem tanto à terra, não tem mal nenhum em ser assertivo. Não é propriamente um sinal de fraqueza ou bajulação mas acima de tudo, um sinal de inteligência.

Eugénio Rodrigues

Wednesday, February 14, 2007

Sabes que mais...



Sabes que mais

Como sou contra os unanimismos, qual Pierrot anarca, proponho uma visão diferente neste dia de S.Valentim...

Sabes que mais, estou tão bem sozinho...
A solidão faz-me bem, acompanhado desta garrafa de sonhos
Não me interessa sequer que venhas ou não
Não me preocupa as ilusões pois deixei de ver... sou cego por opção.

Se decidires voltar, eu acabarei por sair
Vá lá, diz-me que te vais outra vez embora
Não me interessa pois para mim já foste de vez
Não me preocupa pois fecho os olhos e vejo apenas aquilo que quero.

O frio já não me toca nem o calor me aquece
Eu sento-me de pé, adormeço acordado e alimento-me do jejum
Não me interessa que me olhem de lado pois virei uma estátua
Não me preocupa pois sei que começarei no fim, de novo e outra vez.

O meu sorriso tranquilo anestesia todas as dores da incompreensão.
Agora já me aceito por aquilo que sou e não me odeio pelo que não sei ser
Não me interessa que desistas porque eu já passei a meta
E sabes que mais, não me preocupa porque já morri e nasci de novo.

Eugénio Rodrigues, 2003
Foto de Danilo Piccioni

Sugestão vídeo-musical (4 minutos), a espectacular campanha dos abraços gratuitos de Juan Mann com música dos Sick Puppies – All the same.

http://www.youtube.com/watch?v=LHOw29VATUI

Acreditem que vale a pena ver...

Friday, February 09, 2007

E o moral da história é...




Que dia este!
Deixa cá descansar um pouco.
E já que ninguém aqui está a ouvir, deixa-me cá dizer alguma coisa
Então é assim...
Era uma vez...

Conta uma antiga lenda que em tempos idos um homem foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher.

Na verdade, o autor era pessoa influente do reino e por isso, desde o primeiro momento procurou-se um bode expiatório para acobertar o verdadeiro assassino. O homem foi levado a julgamento, já temendo o resultado: a forca. Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo desta história.

O juiz, que também estava combinado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado que provasse sua inocência.
Disse o juiz: Sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar a sua sorte nas mãos do senhor. Vou escrever num pedaço de papel a palavra INOCENTE e noutro a palavra CULPADO. Você sorteará um dos papéis e aquele que sair será o veredicto. O senhor decidirá o seu destino, determinou o juiz.

Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papéis, mas em ambos escreveu CULPADO de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance do acusado se livrar da forca.. Não havia saída. Não havia alternativa para o pobre homem. O juiz colocou os dois papéis numa mesa e mandou o acusado escolher um.
O homem pensou alguns segundos e pressentindo a aldrabce aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou-o na boca e engoliu-o.

Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem.
- Mas que fez você? E agora? Como vamos saber qual o seu veredicto?
- É muito fácil, respondeu o homem. Basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos que acabei de engolir o seu contrário

E o moral da história é...

Eugénio Rodrigues, Fevereiro 07
Texto de origem desconhecida
Foto de Danheller

Friday, February 02, 2007

Já é dia!




Já é dia!

Repara que já é dia...
Guarda que a manha já nasceu e raia consigo um sol redondo e sorridente
Como um desenho de uma criança feliz e inocente.

Não fazes ideia do que te espera hoje
Mas seguro que não te arrependerás
Se o viveres como uma estrela que cruza os céus
À procura do que a faz feliz
E ciente de que foi feita para brilhar.

Vá, levanta-te e deixa as recordações dormirem mais um pouco
Lava-te das desculpas e dos queixumes
E espreguiça-te como um cometa que irradia o pó das estrelas
Pinta-te de mil cores qual Pierrot para a sua Columbine
E envolve-te no perfume do sonho que tiveste hoje.

Foca-te no piano que toca delicadamente no teu peito
E deixa no espelho um sorriso para recordares
Pois este dura apenas um instante mas ficará até ao teu regresso
Porque tu foste feito para brilhar
Como uma estrela que cruza os céus.

Repara que já é dia...
Abre a janela do teu espírito aos pardais da manhã
E cuida que murmuram novas para além do que os olhos vislumbram
Como se um arco-íris caísse na tua janela
Com folículos cintilantes de luz
Reflectidos nas águas azuis e cristalinas do mar.

Guarda que já nasceu o dia
Foge à absorção do medo que não queres ter
Pela superação constante que a todos espanta
Mas que ainda assim esbarra na fronteira
Daquilo que são as tuas forças de um sonho
E do que nos outros paira apenas como miragem.

De palmas cravadas no rosto feliz
Sentes a frescura que escorre pela tua pele
Com os olhos cerrados de ganas imortais.
Hoje será um dia para recordares
Porque tu foste feito para brilhar.

Eugénio Rodrigues, Fevereiro 2007
(Foto de Nightqueen, Morning Dreams)