Pierrot

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Quando morrer, talvez tenha uma ideia formada sobre mim, se o destino me der esse luxo.

Friday, December 15, 2006

Até breve...





Afazeres profissionais obrigam a ausentar-me durante uns largos dias.
Estarei longe, saudoso mas sempre perto no sentimento de todos quanto gosto, e como tal, sempre com aquele brilho nos olhos.
Prometo que na volta, saciarei as minhas saudades nesses vossos magnificos Cantinhos, com visitas mais demoradas.
Até lá, deixo-vos esta foto, a exemplo do que já fiz para que, caso pretendam, sirva de mote para escreverem o que vos aprouver.
Por mim, digo-vos apenas:
"Sou um gato, normal, igual a tantos outros que vivem aqui em New York.
Apesar de dizerem que não sou igual a ninguém, sinto-me absolutamente normal, como que cinzento e anónimo entre tantos outros.
Não tenho nada para vos dizer senão preocupar-me com o sol que se vai embora da minha porta ou com a gata vadia que por aqui passa todos os dias a esta hora.
Por favor, não me tirem fotos porque sou timido e não gosto de exibicionismos.
Não fiquem aí especados a olhar para mim, porque eu sou mesmo assim, um gato normal, igual a tantos outros que vivem aqui em New York."
Eugénio Rodrigues Dezembro 06
Sugestão musical: Because We Believe - Marco Borsato e Andrea Bocelli
(foto de Bruno Alves)

Tuesday, December 12, 2006

Crónica de Filme - Happy Feet, V.O.




HAPPY FEET – V.O.

Mumble deveria ser um Pinguim como tantos outros.
Deveria ter o mesmo dom dos restantes, as mesmas regras dos demais, os mesmos medos e as mesmas alegrias.
Mas Mumble afinal não era um Pinguim como tantos outros.
Nascendo diferente dos seus semelhantes, cedo percebeu, ainda que por acidente, que os seus pés irrequietos eram apenas um catalisador para uma vida diferente e que a sua alegada disfunção genética era bem mais que aparentava.
Mumble foi um Pinguim que um dia partiu, sozinho, apesar dos Arautos da desgraça que lhe adivinhavam o pior dos destinos, banido do seu bando por ser alguém tão irreverente como sonhador. E o que sonhava era tão somente conseguir algo para o seu povo, mais do que para si. Mas este altruísmo que lhe poderia custar a própria vida e que era criminoso à luz míope do seu bando, concedeu-lhe uma vontade própria, um livre arbítrio, que justificava todo o seu destino e todos os seus sacrifícios.
Este filme tão singelo de George Miller, com vozes de Robin Williams, Elijah Wood e Nicole Kidman, entre outros, é uma lindíssima metáfora que todos deveriam ver, quer os poderosos que governam e que oprimem, quer aqueles que se acomodam, que deixam que a rotina da vida lhes roube a ambição e os transforme em mais um rosto sem brilho numa multidão amorfa.
E depois, não faltam os gag's dos personagens deste filme, desde tiques, sotaques, danças, músicas, tudo mesclado com efeitos espectaculares que até nos faz acreditar que estamos mesmo a ver a realidade e não um filme animado.
Meus caríssimos, se acham que o "Idade do Gelo" ou o "Shrek" são um ícone deste tipo de filmes, então HAPPY FEET é imperdível.
Eugénio Rodrigues - Dezembro 06

Thursday, December 07, 2006

Porque?




Porque hoje estou...
Porque hoje...
Porque...

Porquê?

Não sei porquê..., talvez seja deste maldito tempo!

Não se ouvem os pássaros a chilrear
Apenas o vento pelos escombros a sibilar
Sobre os farrapos que esvoaçam destroçados
Presos por entre as pedras e calhaus amontoados.

Nem uivos, gemidos ou desesperos
Nada no horizonte senão tons cinzentos
Esventrado por um vermelho de cólera
Pelas sombras disformes dos espectros.

As lápides do cemitério misturadas com as flores
Desfeitas pelo pó e pelo tempo esquecido
O verde só existe no reino que há-de vir
Nas mãos desfeitas pela culpa e pelo carpir.

Desterro, silêncio e isolamento,
Perdição, desespero e sofrimento.
Tudo tão perto e sempre tão longe
Qual lua pálida que pensamos tocar.

Mergulho no frio do vazio
Amarrado ao ar impuro dos abutres
Anjo Gabriel onde estás escondido
Para onde me carregas de mim perdido.

E mais não digo... pois ele há dias assim.

Eugénio Rodrigues
Sugestão musical, Jean Michel Jarre (Souvenir of China)
(Foto de Tobias Vogel)

Monday, December 04, 2006

É tempo




É tempo...

É tempo, vai, não te percas.
Não te atrases nem te deixes enganar.
Apressa-te porque ainda que o tempo tenha sido inventado pelos homens
ele não espera por ti nem se detem pelo teu olhar.

É tempo de perseguir o sonho com as ganas do desejo
É momento de deixar cair as sombras da dúvida
E de abrir as asas num relampejo.
Porque é tempo...

Mesmo se te chamarem,
Não olhes para trás,
Esquece as vozes.
Por uma vez segue apenas a tua vontade
E ouve apenas a tua alma.

Arrasta da tua frente os quadros sem tinta nem côr
E desenha neles o caminho das estrelas
Aquele que vais querer trilhar sem regresso
Porque é tempo...

Leva o mapa do encanto,
Aquele que tanto te chama
Cruza as marés de mil prantos
Até que pirilampos de um só clarão
Te ofusquem o coração
Com a visão do teu paraíso que ainda está para vir.
Vai, e não pares.
Porque é tempo...
Eugénio Rodrigues - Dezembro 2006
(foto de Per Johansson)