
Este é um extracto de um poema que postei em Maio deste ano. De alguma forma tenta retractar aquilo que todos por certo já sentimos quando magoamos alguém de quem, apesar de tudo, gostamos imenso. Espero te-lo conseguido. Espero que vos diga alguma coisa...
Não ficarás só pois tens-te a Ti...
Sei que vais detestar-me
Tenho a certeza que me odiarás
Que passarás a ter as lágrimas
Como companheiras da saudade
(...)
Perdoa-me pois não voltarei a casa
Sei que o teu sacrifício e a tua dor
Serão tuas companheiras de viagem
Serão páginas do passado que esquecerás.
(...)
No posso é ficar mais nem um segundo
Só para que possas sonhar comigo
É um sacrifício que já não sustento
Ainda que tires a minha foto da tua parede.
Por favor peço-te que me perdoes
Mas o teu calor gela-me as veias
O teu frio corta-me e seca-me a Íris
Se ficar, morrerei como o nosso amor.
Tenho de fugir para bem longe
Fugir de ti e escapar de mim.
Sei que te dói na alma e no coração
Mas é altura de deixar falar a razão.
(...)
Vai, voa para longe, para os antípodas daqui.
Vais ver que esta nossa separação é uma benção
E que este nosso ultimo fôlego de coragem
Mais não é do que o raiar de um novo dia.
(...)
Se hoje me abominas e amaldiçoas
Amanhã serás o meu nobre irmão
Que me salvas e proteges dos impuros
Sempre pronto para me dar a mão.
(...)
Não permitirei que o epílogo destrua as lembranças
Há que preserva-las para que possamos renascer
Será sempre bom relembrar a tua voz e os teus olhos
Como parte do passado e não do futuro agonizante.
Vai, que eu tenho de voar para longe
E sempre que quiseres lembra-te de mim
Como uma festa cheia de cor e luz
Que jamais poderá terminar.
Eugénio Rodrigues
(foto de Rosalina Afonso)