Pierrot

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Quando morrer, talvez tenha uma ideia formada sobre mim, se o destino me der esse luxo.

Friday, July 28, 2006

Crónica Filme: The Lake House




THE LAKE HOUSE

“E se vives uma vida inteira e afinal não há ninguém à tua espera?”

Esta é a pergunta que atravessa o filme The Lake House, realizado por Alejandro Agresti.
Uma bonita metáfora sobre o amor, sobre os desencontros no tempo, nos lugares, nas pessoas, tudo mesclado num argumento relativamente comun mas apresentado de uma forma arrepiantemente original e onde o real e a ficção caminham juntos sem que isso nos choque.

Alex Wyler, Keanu Reeves, é um arquitecto que resolve um dia arrendar uma casa junto a um lago, casa essa cuja construcção revela a história da vida do seu próprio pai, como se uma vida e uma casa se interligassem na perfeição.

Kate Forster, Sandra Bullock, é uma médica algo perdida na vida e que sofre, tal como Alex, com o crescente isolamentodas pessoas.
Quando arrendaram a casa da Lagoa, nem sonhavam o que lhes iria suceder...

Será possível cheirar as flores sem as ver?
Será possível namorar separado pelo tempo e pela distância?
Será possível viver com a tomada de consciência de que afinal era aquela pessoa, anos depois, e já não poder fazer nada pois o futuro e o passado são inconcilíaveis?
O centro da metáfora está na forma como Alex e Kate sofrem e tentam ultrapassar a distância, cada um no seu tempo, através de gestos surpreendentemente lindos, ao fim e ao cabo, de tremendas demonstrações de amor!
Uma banda sonora singela e adequada, uns planos e umas desfocagens que conferem uma rara beleza ao lago, Jack, uma cadela apaixonante e claro, um final de cortar a respiração capaz de nos fazer soltar uma lágrima.
Meus amigos, mais um filme imperdível...

“E se vives uma vida inteira e afinal não há ninguém à tua espera?”

Abraços
Eugénio Rodrigues (28.07.06)

Tuesday, July 25, 2006

Bailarina




Bailarina

Bailarina, porque tens um rosto fechado de tristeza e azedume?
Sinto que paraste a tua vida num frame vazio e intemporal...
Que o fulgor da tua dança te gelou nas veias de uma forma letal.
Mas porque deixaste cair o teu sonho como uma rosa sem perfume?

Porque é que os teus olhos já não vêem nem sentem?
O teu maestro morreu e a cordas da harpa estão partidas
O saxofone já só exala fados de saudade e notas tremidas
Mas porque achas que as tuas sabrinas sujas e gastas te mentem?

Porque perdeste o talento e a alegria da tua essência?
O teu palco está repleto de sombras desgastadas e encardidas
As cortinas são farrapos desbotados de cores carcomidas
Mas porque achas que tropeças nas pegadas da tua existência?

Porque não sentes o amor fluir através do teu respirar?
As cadeiras há muito se foram porque os fantasmas não se sentam
Ficou apenas a corda e o cadafalso que todos enjeitam...
Mas porque achas que não és capaz de prender um olhar?

Porque foges do teu jardim pejado de sorrisos eternos?
Pensas que perdeste a tua beleza numa planicie de girassóis
Nascida num planeta cujo céu perdeu a côr e os seus herois
Mas porque acreditas que os teus violinos serão sempre efêmeros?

E como em tudo na vida, quando os olhos deixam de ver
O coração deixa de bater e de sentir o pulsar da vida
Fica apena um cenário vazio, uma vela apagada, uma bailarina esquecida
Até que um poema lhe refaz o sonho e a deixa de novo viver!

Eugénio Rodrigues Julho.2004
Foto de autor desconhecido
(Inspirado no filme Closer e no fabuloso tema “Blower's daugther” de Damien Rice que pode ser ouvido em www.warnerbros.com/damienrice/)

Friday, July 21, 2006

A Barca



A Barca

A Barca já chegou e traz-me os dias...
As noites em que te sinto colada a mim
Mostra-me os caminhos da tua serra
Entre rios e mares de águas esquecidas

Com um aceno que só tu vislumbras
Percebes que em breve vais partir
Ficas inerte e depressa fechas os olhos
Deixas para trás, as últimas forças
E trocas o teu consciente adormecido
pelo derradeiro suspiro de um sonho que agora começa.

Olhar singelo e um sorriso perdido,
De quem não é esquecido sem nunca ser lembrado
Rende-te mas não desistas
Não fujas mas dá-me a tua mão.
Sente que não te empurro
Antes te agarro para que toques o chão.

A tua pele dócil flutua na lembrança
Como um odor perfumado que perdura numa dança
Lágrima perfeita que brilha cristalina
Num encanto vazio sem despedida nem figurino.
Porque a barca já chegou sem atrasos nem demoras
E para sempre parte sem destino nem rotas.

Eugénio Rodrigues, Julho 2006
(foto de autor desconhecido)

Tuesday, July 18, 2006

O Guerreiro

O Guerreiro

A sua armadura era altiva e brilhava
Prateada, firme e cintilante
A todos os seus detractores ofuscava
De uma glória e esplendor impressionante.

Era admirável e forte a lutar
Jamais pereceu em campo de batalha
E na glamorosa arte de se afirmar
Transformava as derrotas em vitórias.

A sua fama precedia-o em séculos
De todos granjeava o respeito
Elegantes e harmoniosos eram os seus gestos
Em todos esmagando a ignorância e o despeito.

O Guerreiro sentia-se imortal
Intocável nos seus sentidos e na sua essência
Os seus seguidores idolatravam-no
Numa realidade quase oca e banal.

Mas um dia o Guerreiro caiu
E a sua resplendorosa áurea se extinguiu
Cansado da vida irrepreensível que levou
Traído pelo Castelo que sempre defendeu.

A música celestial parou de tocar
A melodia das suas notas se cansou
Os seus seguidores tocaram a debandar
E o sonho da imortalidade cedo se findou.

A sua armadura foi trespassada
Por uma flecha envenenada de traição
E a sua alma inexoravelmente abalada
Sem lágrimas de arrependimento ou perdão.

A chama da vela deixou de trepidar
A guitarra tocou acordes de Requiem
No chão foi espezinhado e humilhado
Sem que ninguém se erigisse para o salvar.

Não ergueu a mão nem clamou por misericórdia
Fechou-se no seu pranto e na sua tristeza
Tal era a sua raiva e a sua firmeza
Contra aqueles que o tornaram em escória.

Até que numa linda aurora boreal
A sua musa irrompeu nos seus sonhos
E num dia inesperado e invernal
O levantou do chão e dos seus escolhos.

Libertou-se da amálgama da sua armadura
E gritou vociferando contra o destino
Enjeitando o fado odioso e repentino
Que só lhe trouxera desamparo e amargura.

As sombras quiseram turbar-lhe a visão
O vento quis arreigar-lhe da sua paixão
Mas ele arrebatado clamou pela vitória
Pela vida, pelos sonhos e pela memória.

Eugénio Rodrigues - Dez.2004)
(Foto de Rosalina Afonso)

Monday, July 10, 2006

Daqui de tao longe...

A vida tem destas coisas...
Ontem estivemos a um pequeno passo de fazer historia no basquetebol portugues ao perder por 2 pontos com a Lituania, um dos colossos do basquetebol mundial.
Infelizmente, depois de esmagarmos o adversario durante todo o jogo, estando a vencer por 20 pontos, veio a tona a nossa implacavel falta de sobriedade, e no que sobrou em capacidade de lutar e sofrer, faltou em acreditar que afinal eramos capazes, que aquilo estava mesmo a acontecer.
Somos um povo demasiado latino e muito vulneravel as emocoes.
A vida tem destas coisas...
Se toda a gente me da os parabens, entao porque me sinto frustrado?
Se toda a gente esta boquiaberta com este pais tao pequeno e tao grande ao mesmo tempo, entao porque me sinto triste?
Se toda a gente ja deixou de nos ver como uns coitadinhos entao porque me sinto roubado por uma arbitragem escandalosa que envergonhou a propria Lituania?
Hoje sinto-me como se tivesse perdido alguem sem ter tido a oportunidade de me ter despedido dessa pessoa...
Hoje sinto-me injusticado pelo destino...
E voces, estao felizes com o vosso fado?
Eugenio Rodrigues - Lituania, 09.07.06
(Desculpem nao ter foto para ilustrar o texto mas donde estou nao o consigo fazer e a falta de acentuacao deve-se ao teclado russo que estou a usar)