Crónica de Filme - The Black Dahlia


The Black Dahlia
“Nada fica enterrado para sempre!”...
Los Angeles, anos 30, onde a violência e a corrupção andavam de mãos dadas com a época dourada do glamour social.
Brian De Palma recupera um argumento de James Ellroy e transforma-o num Thriller cinematográfico dos melhores do género, misturando-lhe não um mas vários enredos tão dramáticos que se vão adensando numa trama bem urdida e escondida quase até ao final, num filme duro, rude e rocambulesco, por vezes até pesado.
A violência e o crime não tem aspas nem maquilhagem e o som dos tiros quase nos ensurdece ao mesmo tempo que o sangue parece querer saltar da tela.
“Os Homens têm a quase fatal tendência para se alimentarem dos próprios Homens!”
Dois Policias, dois amigos, Bleichert (Josh Hartnett), e Blanchard (Aaron Eckhart), personificam o bom policia e o mau policia. Dois tipos de justiça, em que os fins podem justificar os meios, ou talvez não... e onde não conseguimos deixar de nutrir simpatia e até alguma compaixão por ambos, não obstante o enredo. Um crime brutal por resolver, criminosos à solta e prioridades a ter em conta que chocam com os valores destes dois homens. Impossível separar as suas profissões das suas vidas e Brian De Palma fá-lo com mestria.
Numa tela de coloração amarelada que o torna este filme ainda mais genuíno, os Romances entrecruzados com Kay (Scarlett Johansson) e Madeleine (Hillary Swank) jogam-se de uma forma quase perfeita e embalados por uma música bem apropriada.
Ninguém é integralmente bom nem ninguém é inteiramente mau.
A vida e a circunstância fazem o Homem e as suas necessidades mais prementes moldam o seu carácter.
Não devemos nunca afirmar que “desta água não beberei” pois as emoções e os sentimentos estão em constante ebulição e muitas vezes a racionalidade e os princípios não chegam para nos mantermos à tona da vida...
Meus amigos, mais um filme que vale a pena e os prémios que já ganhou são mais que merecidos.
Eugénio Outubro 2006